Fábio Medeiros – o goleiro que entrou para a história do Mineirão
Há 60 anos, iniciava-se a era Mineirão. O gigante da Pampulha, chamado à época de Estádio Minas Gerais, era inaugurado e mobilizava toda Belo Horizonte para conhecê-lo. Na partida inaugural, um personagem entraria definitivamente para a história do estádio e não se trata de um artilheiro ou um goleador nato, mas sim o goleiro cruzeirense, Fábio Medeiros.
Fábio Arlindo Medeiros, ou simplesmente Fábio, era natural de Porciúncula, no Rio de Janeiro. O goleiro era conterrâneo do ponta-direita Friaça, que o incentivou a dar seus primeiros passos no futebol.
Embora jogasse por times amadores do Rio, Fábio teve poucas oportunidades com equipes cariocas e acabou se mudando para Belo Horizonte em 1959, aos 20 anos de idade. Na capital mineira, Fábio acabou sendo contratado para jogar profissionalmente pelo Atlético-MG. Permaneceu na equipe até 1963, quando se transferiu para o Cruzeiro.
No Cruzeiro, o arqueiro jogou por 4 temporadas, sendo campeão mineiro em 1965. Na equipe celeste, Fábio Medeiros se destacou como exímio pegador de pênaltis.
O PRIMEIRO PÊNALTI DEFENDIDO DO MINEIRÃO
Suas atuações lhe renderam uma convocação especial: Fábio seria o goleiro da Seleção Mineira na inauguração do Mineirão. Além de Fábio, Tostão, Dirceu Lopes e Wilson Almeida também representariam o Cruzeiro com a camisa da Seleção Mineira. A frente, o poderoso River Plate, base da seleção argentina e que acabara de chegar de uma excursão pela Europa. Às 15h30 daquele domingo de 5 de setembro, o árbitro Antônio Viug apitava o início de partida diante de mais de 73 mil torcedores.
Logo no início do jogo, o goleiro Fábio, escalado para transpassar segurança para a defesa do seu time, precisou ser acionado para entrar para a história do Mineirão. Aos 5 minutos, o meia uruguaio Luis Cubilla invadiu a área e disparou o chute, mirando o lado direito de Fábio. Porém, a bola bateu na mão do lateral Canindé e o árbitro não teve dúvida: pênalti para o River Plate.
A torcida prendeu o folego, pois o argentino Carlos Sarnari poderia marcar o primeiro gol do Mineirão. Fábio, porém, não tinha a fama de pegador de pênaltis atoa. Atento à cada movimento dos batedores, Fábio esperava até o último segundo para pular no pênalti. E foi o que ele fez. Fábio voou no canto e defendeu a cobrança de Sarnari, entrando para a história como o primeiro goleiro a defender um pênalti no Mineirão!
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Foto: Arquivo pessoal Silvestre
O FIM DA ERA CRUZEIRO
Fábio permaneceu no Cruzeiro até o início de 1966. Não bastasse defender o primeiro pênalti do Mineirão, Fábio Medeiros também venceu o primeiro título do estádio: o Campeonato Mineiro de 1965, vencido pelo Cruzeiro com sobras.
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Foto: Arquivo Revista do Esporte
Em 1966. Fábio se transferiu para o São Paulo, onde continuou destacando-se com boas atuações e mantendo sua fama de pegador de pênaltis. No mesmo ano, Fábio foi um dos mais de 40 jogadores pré-convocados pelo técnico Vicente Feola para representarem a seleção brasileira na Copa do Mundo de 1966, mas acabou ficando de fora da lista final. Depois do São Paulo, Fábio ainda passou por Sport e Atlético-MG, até se aposentar dos gramados em 1968.
Fábio viveu com sua família na tranquilidade do interior de Minas Gerais. Faleceu em setembro de 2020, aos 80 anos, mas deixou um legado. O goleiro foi só o primeiro de muitos arqueiros a espalmar uma penalidade máxima no Mineirão. Depois de Fábio Medeiros, foram mais de 50 defesas de pênaltis de goleiros do Cruzeiro no Gigante da Pampulha em seus 60 anos. Um legado gigante que se mantém ainda nos dias de hoje!
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Por: Thiago Augusto
Foto: Revista do Esporte
Imagem: Marketing Cruzeiro
Fonte: Cruzeiro Esporte Clube